Todos nós sabemos que a Semana de Arte Moderna de 1922 mudou radicalmente a história da Arte no Brasil. Inspirou muitas pessoas, abriu caminhos, mudou destinos.
Mas o mais legal de tudo, é que ainda hoje essas pessoas que marcaram a história do nosso país continuam inspirando outros que, como elas, têm ideias revolucionárias.
Oitenta e cinco anos depois do marco do movimento modernista, a Semana de Arte Moderna de 1922, Sérigo Vaz, poeta da periferia de São Paulo, organizou a Semana de Arte Moderna da Periferia.
A força da Semana de 2007, que aconteceu de 4 a 11 de novembro, veio da primeira geração de escritores da periferia.
Pela primeira vez, o Brasil teve um movimento literário nascido às margens da cidade de São Paulo.
“Faremos um movimento reverso, da periferia para o centro a fim de mostrar a arte e a cultura que a comunidade produz, sobre aquilo que acreditam. A efervescência cultural na periferia é enorme, por isso é preciso mostrar, principalmente para a própria periferia, que as coisas acontecem”, explicou o idealizador do evento e também fundador da Cooperação Cultural da Periferia (Cooperifa) Sérgio Vaz, que, entre suas atividades, realiza semanalmente saraus literários num boteco da periferia da cidade.
Este é um poema de Sérgio Vaz, onde ele fala sobre a Cooperifa.
MANIFESTO
Da mesma forma que, em 1922 foram criados e lidos publicamente vários Manifestos que tinham como objetivo a expressão de ideias, os organizadores da Semana de Arte Moderna na Periferia, também criaram o seu.
Confiram aí:
Manifesto da Antropofagia Periférica
A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros.
A favor de um subúrbio que clama por arte e cultura, e universidade para a diversidade. Agogôs e tamborins acompanhados de violinos, só depois da aula.
Contra a arte patrocinada pelos que corrompem a liberdade de opção. Contra a arte fabricada para destruir o senso crítico, a emoção e a sensibilidade que nasce da múltipla escolha.
A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
A favor do batuque da cozinha que nasce na cozinha e sinhá não quer. Da poesia periférica que brota na porta do bar.
Do teatro que não vem do “ter ou não ter...”. Do cinema real que transmite ilusão.
Das Artes Plásticas, que, de concreto, quer substituir os barracos de madeiras.
Da Dança que desafoga no lago dos cisnes.
Da Música que não embala os adormecidos.
Da Literatura das ruas despertando nas calçadas.
A Periferia unida, no centro de todas as coisas.
Contra o racismo, a intolerância e as injustiças sociais das quais a arte vigente não fala.
Contra o artista surdo-mudo e a letra que não fala.
É preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão. Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades. Um artista a serviço da comunidade, do país. Que armado da verdade, por si só exercita a revolução.
Contra a arte domingueira que defeca em nossa sala e nos hipnotiza no colo da poltrona.
Contra a barbárie que é a falta de bibliotecas, cinemas, museus, teatros e espaços para o acesso à produção cultural.
Contra reis e rainhas do castelo globalizado e quadril avantajado.
Contra o capital que ignora o interior a favor do exterior. Miami pra eles ?
“Me ame pra nós!”.
Contra os carrascos e as vítimas do sistema.
Contra os covardes e eruditos de aquário.
Contra o artista serviçal escravo da vaidade.
Contra os vampiros das verbas públicas e arte privada.
A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor.
É TUDO NOSSO!
QUEM COLABORA
ARTISTAS DE DOIS MUNDOS Na foto, Sérgio Vaz e a comissão organizadora da Semana de Arte Moderna da Periferia, no boteco do Zé Batidão, na zona sul de São Paulo. |
CINEMA SOCO
Um dos grupos que faz parte desse movimento, é o Cinema Soco, que tem como principal objetivo, a criação de vídeos que expressam as ideias do grupo.
O vídeo a seguir, é um dos criados por eles. Eu sei que as imagens podem parecer um tanto esquisitas, porém, a mensagem vale muito a pena!
Queria poder escrevê-la aqui para vocês, mas quero incentivá-los a assistir o vídeo, portanto, se quiserem ouvi-la, terão que dar um play ;D
Com esse vídeo quero, também, finalizar este post. Espero que tenham gostado e que tenha servido de lição para todos vocês, como serviu para mim.
Quando o mundo fechar os olhos para ti, grite, crie, aconteça. Até que sejas ouvido.
Quando o mundo fechar os olhos para ti, grite, crie, aconteça. Até que sejas ouvido.
Lilian Fischer - Equipe 2.2
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